RESPM-MAI_JUN-2015-alta
História Revista da ESPM |maio/junhode 2015 94 crítico, diferentes abordagens do consumo contemporâ- neo poderiamnos ajudar a compreender alguns proces- sos sociais emergentes, que as simples avaliações nega- tivas do consumo comoprática alienante nãopermitem. Nessadireção, percebemoshavernomercadode trabalho atual uma demanda por cientistas sociais que, a partir de um perfil crítico, consigam dar conta de cartografar estilos emodos de vida, tendências comportamentais e, quem sabe, atuar de forma definitiva na transformação de práticas que possibilitem a preservação da vida e do ambiente a que pertencem. Breve histórico do consumo moderno Houveumaépocaemqueonovonãoerabem-vindo.Cama- das de gordura comomarcas do tempo namobília confe- riamdistinção às famílias dos nobres. Os produtos eram produzidosparadurargerações,sendocadageraçãorespon- sável pelamanutenção da honra da próxima. As compras familiares consideravamnão só familiaresmortos, visto queestavamligadasà tradição,mas tambémosqueainda nem haviam nascido. O itemmais conspícuo que havia na casa das famílias inglesas do século 16 era o retrato de família, queeramedidaexatadonúmerodegerações, que buscavaoaltostatus representadopelamobíliaempátina. Entretanto, um novo padrão de aquisição de bens foi estabelecido,trazendomudançasnaspráticasdeconsumo danobreza.Osnobres,acostumadosacomprasfamiliares, foram“capturados pelo uso estratégico que Elizabeth fez doconsumocomo instrumentodegoverno”, comoaponta McCracken, no livro Cultura& consumo: novas abordagens ao caráter simbólico dos bens e das atividades de consumo . A rainha aprendeu a utilizar a necessidade de compras regulares de diferentes produtos como verdadeiro tea- tro para engrandecer seu poder monarca. Seus súditos, detentores de demasiado poder, sofreramcomtal meca- nismoe, aospoucos, foramempobrecendo. Elizabethnão só os instigava a gastar reativamente às suas demandas, como tambémcriou umambiente socialmente competi- tivo, que levavaanobrezaaaumentar seusgastoscadavez mais. Ao longodo tempo, os nobres da Inglaterradaquela época tornaram-se escravos de umprocesso de compras latinstock O itemmaisconspícuoquehavianacasadas famílias inglesasdoséculo16erao retratode família, queeramedida exatadonúmerodegerações, quebuscavaoaltostatus representadopelamobíliaempátina
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