RESPM-MAI_JUN-2015-alta
entrevista | daniel miller Revista da ESPM |maio/junhode 2015 106 estamos preocupados com esses re- lacionamentos e não com a comuni- cação em si. O que importa mesmo é com quem estamos nos comunican- do e como nos comunicamos. Esses dispositivos são explorados por nós com tal propósito. Não queremos ficar tão fixados nas plataformas. É muito mais importante o que nós fa- zemos nelas. Continua havendo um estilo brasileiro em qualquer plata- forma. Diversos, pois o estilo de São Paulo não é igual ao da Bahia. Revista da ESPM — E se mudarmos a perspectiva para o ponto de vista de empresas e das marcas que têm de se comunicar com as pessoas desse modo fragmentado que o senhor descreveu? Miller — Tudo que eu considero que não importa tanto [para o usuário], importa muito para as empresas, porque elas estão preocupadas com questões de lucratividade. Se você é uma firma nessa área, está cons- tantemente trabalhando com níveis crescentes de dificuldade. Masmuita coisa depende de quem é você. Se você está tentando desenvolver uma startup, a situação em linhas gerais é boa. E está melhorando. O custo de ser uma startup está diminuindo. O número de nichos diferentes é cres- cente e abre novas possibilidades constantemente. Talvez há uns 18 meses as pessoas achassem que o Facebook concentraria toda a mídia social. Isso tornava bem mais difícil para qualquer outro competidor en- trar nesse terreno. Agora isso está se rompendo e torna mais factível para novos grupos entrar no terreno e fazer coisas diferentes. Isso faz, sim, parecer mais difícil para as grandes plataformas estabelecidas mante- rem e consolidarem as suas posi- ções. Mas nunca foi fácil. O Google parece muito poderoso, mas o Orkut no fim fracassou. O Myspace fracas- sou. E o Facebook hoje está em declí- nio. Eu não penso que no momento pareça provável que uma empresa em particular venha a se tornar do- minante por um longo período. Revista da ESPM — Não lhe parece que em algum momento alguém vai se consolidar em definitivo? Miller — A questão para todas es- sas empresas é a de sempre: reter algum tipo de lucratividade, por- que, como eu disse, coisas como targeted advertising fazem as pesso- as se oporem a você. Revista da ESPM — Que futuro o se- nhor vislumbra? Miller — Mais cedo ou mais tarde, esse tipo de “solução” para tornar os meios de comunicação rentáveis pode ficar muito mais problemáti- co. Não sei quem tem uma fórmula alternativa. Revista da ESPM — Se pudermos dar dois passos para trás, eu lhe pe- direi para falar sobre que espécie de influência causa a exposição a mídias sociais na disseminação de novos há- bitos de consumo. Miller — Isso não é algo que tenha- mos olhado particularmente em nosso projeto, uma vez que o mate- rial que vemos na mídia social não é radicalmente diferente do que ve- Hápoucosanos,paisdiziamquesuascriançasnãodeviamestarnoFacebook. Agora,elesinsistemparaqueosfilhosusemecompartilheminformaçõesnarede shutterstock
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