RESPM-MAI_JUN-2015-alta

maio/junhode 2015| RevistadaESPM 105 nos BlackBerries. Quando estão no Facebook, que ainda é, provavel- mente, a mais comum de todas as plataformas, já não o usam para os propósitos que costumavam usar. Revista da ESPM —Nós temos visto no Brasil, eu não diria crianças, mas adoles- centes e jovens trocando o Facebook pelo Snapchat ou WhatsApp. O que acontece se o Facebook desaparecer? Miller — Há uma resposta fácil para o Brasil. Quando começamos nosso trabalho poucos anos atrás, o Brasil não usava o Facebook. Usava o Orkut. Todos esquecemdisso. Revista da ESPM — É verdade, mas a dominância do Facebook no Brasil é incontestável. Miller — Quando os brasileiros se mudaram do Orkut para o Facebook, qual foi o impacto? Não foi grande coisa. Na época, você diria que o Brasil não iria nemmesmo usar o Fa- cebook, porque o Orkut era tão domi- nante. As pessoas ficam obcecadas por essas plataformas, mas, na rea- lidade, se o Facebook nunca tivesse existido isso teria feito pouquíssima diferença para o Brasil. Outra coisa teria aparecido, como o WhatsApp, o Snapchat e os demais. A diferença para vocês seria quase desprezível. Ficamos obstinados demais com essas plataformas, mas o desenvol- vimento das mídias sociais não é tão dependente de uma plataforma individual. Eu, honestamente, acho que se o Facebook nunca tivesse sido inventado, isso teria feito pouca diferença. E, se ele desaparecer, vai fazer muito pouca diferença, porque outras coisas assumirão seu lugar. O que eu não creio que desaparecerá são as mídias sociais. Revista da ESPM — Entendo o seu ponto e concordo com ele. Não importa se é o Facebook ou o Orkut até hoje. Mas a diferença é que não estamos mais to- dos concentrados em um só lugar. Miller — Pode ser mais complicado. Por um lado, você pode dizer que já estamos fragmentados em dife- rentes plataformas de mídia social, o que é verdade. Mas, ao mesmo tempo, elas estão consolidadas em torno dos smartphones. A ascensão do smartphone se tornou tão im- portante como a ascensão da mídia social. Se uma parece estar se de- senvolvendo sob múltiplas formas, a outra consolida tudo em um lugar. A grande questão, do ponto de vista do usuário, é apenas a variedade de coisas que ele pode fazer. E eu não acho que eles realmente se impor- tem tanto com o que estão usando para fazê-las. Eu desenvolvi o con- ceito chamado polimídia, que ten- tou demonstrar que o que importa para as pessoas, no fundo, é ter uma boa gama de alternativas. Revista da ESPM — Em que sentido? Miller — Você pode mandar men- sagens de texto, usar uma webcam, usar a sua voz, usar algo que deman- de que estejamos juntos ao mesmo tempo. O refinamento cultural está em usar essas combinações de um modo que nos ajude a administrar os nossos relacionamentos, porque Já emAlto Hospício, no Chile, amídia social é usada para expressar valores tradicionaismuito conservadores, e não hámuitas diferenças de valores shutterstock

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