RESPM-MAI_JUN-2015-alta

maio/junhode 2015| RevistadaESPM 103 Jorge Amado, no sentido de que há muita fofoca e discussões sobre sexo. Há grande oposição entre a respeitabilidade das igrejas pen- tecostais e a não respeitabilidade associada, você sabe, a mau com- portamento. Ao passo que, se você olha para nosso lugar no Chile, as pessoas lá não expressam muitas diferenças, de jeito nenhum. Em Alto Hospício, a mídia social é usa- da para expressar valores tradicio- nais muito conservadores, e não há muitas diferenças de valores. Todo mundo, basicamente, posta da mes- ma maneira, com o mesmo estilo. É uma população muito homogênea, expressando o modo particular como ela se sente — que não é o mes- mo da capital cosmopolita. O povo chileno não expressa suas diferen- ças locais. Revista da ESPM — São duas socieda- des radicalmente diferentes, na Bahia e no interior do Chile. Miller — É a mesma coisa nas mídias sociais. Ambas usam Facebook, mas usam para propósitos quase opostos, em relação aos valores e identidades desses lugares em particular. E isso é algo que eu acho que os estudos anteriores sobre mídias sociais não entendiamde modo nenhum. Revista da ESPM — Quando vocês tentam traduzir esse aprendizado para o mercado de consumo, têm con- seguido insights inovadores relevantes para profissionais de marketing e de comunicação? Miller — A primeira coisa seria o ponto que acabo de enfatizar. Você pode aprender coisas com esses es- tudos, mas o que aprende é diferen- te em cada lugar. Em Alto Hospício, por exemplo, é possível que você encontre muito pouca publicidade, muito pouco desenvolvimento co- mercial, embora a vila seja parte de uma economia moderna. Ao passo que, nos lugares onde estivemos na China, as pessoas combinam valo- res familiares e valores comerciais, sem vê-los como muito diferen- tes uns dos outros. Há, portanto, uma relação bem diferente com os mercados e com o comércio entre chineses. Eles ficam felizes usando as redes sociais para propósitos comerciais. Revista da ESPM — E nos mercados mais desenvolvidos? Miller — Cada lugar tem uma re- lação diferente com o mercado. Percebemos impactos bastante interessantes em outras partes. Eu, por exemplo, trabalho com a situa- ção na Inglaterra, e o que descobri foi que, cada vez mais, as empresas que estão na mídia social têm se preocupado com a necessidade de ter lucros com essas plataformas. O que estamos vendo, então, é um enorme desenvolvimento do tar- geted advertising [propaganda seg- mentada], onde se usam evidências coletadas nas mídias sociais para saber muito mais sobre as pessoas e sobre as coisas nas quais estão interessadas. O problema é que os ingleses, quando comparados a povos de outros locais em que esti- vemos, são os mais obcecados com privacidade. Desconfiam de qual- quer coisa que invada sua privaci- Na Inglaterra, a formamaiscomumdeselfieéaquelaemqueaspessoas tentam parecer tão feias quanto podem e enviam por serviços comoSnapchat latinstock

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