RESPM-JUL_AGO-2015-alta
julho/agostode 2015| RevistadaESPM 17 Lerner — Em São Paulo e em outros centros do país, é possível ver como se pode fazer a vida melhorar. Nesse sentido, as populações, as vizinhan- ças, podem se mobilizar. É fácil mo- bilizar uma camada da população para ações que são importantes ou solidárias. Assim é possível esperar o aumento de solidariedade. Mas é fundamental que os governos cen- trais passem a dar mais importância às cidades. Não é criando o Minis- tério das Cidades. Não é isso que resolve. As cidades perdem anos e anos em afazeres burocráticos em Brasília. Elas perdem recebendo obras superdimensionadas, porque faltam os recursos que atrasam as obras que verdadeiramente contam. E quem leva a pior é a população. Revista da ESPM — Como o senhor vê a cidade do futuro no Brasil? Consi- derando nossas vulnerabilidades e limi- tações, quais as possibilidades de êxito que o país pode ter na construção de metrópoles mais funcionais e humanas? Lerner — A cidade do futuro não é nenhuma marav i l ha de Flash Gordon , como os otimistas querem imaginar, nem a cidade de Blade Runner dos pessimistas. A cidade do futuro tem de conciliar as opor- tunidades que toda pessoa almeja. Tornar viável a qualidade de vida, de trabalho e de lazer. Que tudo isso aconteça junto. Um lugar onde as pessoas não se separem por ideias ou por religião. Onde as pessoas se preocupem com a sustentabilidade, pois os recursos não são inesgo- táveis. E onde principalmente se pense mais nas pessoas. Com senso de propósito, qualquer cidade brasi- leira pode cumprir esse objetivo. É preciso, no entanto, uma revolução muito grande, e cabe ao governo não estimular as coisas erradas, como a prioridade ao automóvel, por exemplo. O automóvel é o cigar- ro no futuro. Quem podia acreditar que, 20 anos atrás, o cigarro fosse proibido em ambientes fechados? Hoje, ele é vetado em todo o mundo. A indústria automobilística gera empregos, mas é preciso mudar a maneira como o carro é utilizado. A forma de oferecer moradia precisa mudar. Tudo isso é uma concepção da cidade que queremos. ACopadoMundo foi trágicanãosóparao futebol. AúnicacoisaqueoBrasil nãoprecisavaeradeestádios. Aindaassim, eles foramconstruídosaténaselva. AArenaAmazonas, por exemplo, consumiu R$669,5milhõesehojeapresentaumcustomédiodemanutençãoestimadoemR$700mil pormês latinstock
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