RESPM-JUL_AGO-2015-alta

julho/agostode 2015| RevistadaESPM 15 Revista da ESPM — Como pôr essa ideia em prática? Lerner — Para implantar essas ideias, não é preciso esperar por grandes recursos. O poder público pode e deve se ater aos aspectos do crescimento e à estrutura do desenvolvimento da cidade. O plano diretor é uma coisa que já existe há tantos anos, então o que precisamos é uma coisa mais proativa, mais a favor da mudança. Qualquer projeto que ajude amelhorar a vida da cidade, por menor que seja, é importante. Algumas acupunturas mudarama vida de certas localidades. Assim, não é preciso esperar muito tempo. Nós começamos um novo sistema de transporte em Curitiba, o BRT ( Bus Rapid Transit ), que está agora em mais de 300 cidades do mundo. Mas ele começou com uma linha, que era fundamental para efeito de de- monstração. E assimaos poucos ama- lha foi sendo ampliada. Hoje, são 2,6 milhões de passageiros por dia no sis- tema. O metrô de Londres, o mais an- tigo do mundo, leva uns três milhões ao dia. Por isso eu sou muito otimista em relação ao futuro das cidades. Mas é preciso que o poder público comece a tirar esses entraves. Cada vez mais se criamuma nova barreira e umnovo xerife. Quanto maiores as barreiras, mais cresce a corrupção. Revista da ESPM — Gostaria que o senhor fizesse um balanço da Copa do Mundo. Os projetos de mobilidade que tinham mais impacto social não se concretizaram. Lerner — A Copa do Mundo foi trá- gica não só para o futebol. Muitos projetos não foram implementados porque estavam superdimensiona- dos. Claro, um projeto ou outro foi importante. Mas a única coisa que o Brasil não precisava era de estádios. Criamos arenas em profusão na sel- va e emEstados onde não havia equi- pes para competir. A Copa do Mundo foi tão mal planejada, que gerou pro- blemas para o próprio futebol. Nesse 7 a 1, nós apanhamos em tudo, na fal- ta de planejamento e na adequação das estruturas. Imagine os planos de cidades que teriam metrôs atrelados do aeroporto aos campos de futebol. Houve desperdício em oferecer bens supérfluos por puro oportunismo do setor empresarial em vender esses bens ao setor público. A Copa do Mundo foi a marca de um país que não sabe para onde vai. Revista da ESPM — Qual é a sua pers- pectiva em torno da Olimpíada do Rio de Janeiro? Lerner — A Copa do Mundo foi trági- ca, mas acho que a Olimpíada do Rio vai ser diferente. Será um evento que vai trazer benefícios à cidade, isso é indiscutível. Mas, de todo modo, é importante enfatizar que deter- minados equipamentos não devem ser usados só uma ou duas vezes ao ano. Eles precisam beneficiar toda a cidade. No Rio, demoliram a pista do autódromo e vão construir um novo, enquanto emMônaco o príncipe vê a OBRT ( BusRapidTransit ) deCuritibacomeçoucomuma linha, queera fundamental paraefeitodedemonstraçãoe, aospoucos, amalha foi sendo ampliada. Atualmente, 2,6milhõesdepassageirosutilizamosistemapor dia latinstock

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