Marco_2009 - page 93

Omundo da próxima
década
março
/
abril
de
2009 – R e v i s t a d a E S P M
93
paranós temsuasdimensõesmaisgra-
vesnocomércio internacional–perda
dovalor dasnossas
commodities
, por
exemplo.OBrasil teráoportunidades
hoje com o crescimento sustentável,
ecologia,meioambiente,háuniversos
pelafrenteparaagircomoaAmazônia.
Entãoeu teriaumacertadespreocupa-
çãoem relaçãoà ideiadequehaverá
umafunilamentodeoportunidades.
Mário
– Depois dessa mesa – e,
sobretudo, depois do Embaixador
– fica difícil acrescentar alguma
coisa. Acho que a juventude bra-
sileira vai passar por um processo
metafísico e se perguntar “quem
sou eu agora, que a via financeira
não é tão clara, a via executiva
não é tão clara, essas coisas são
incertas”... Mas isso é saudável,
melhor que aconteça já e que na
hora que ele estiver entrando veja
que “issonão éumaDisneylândia,
mas também não é uma selva”. O
jovem terádeentender, emvistada
conjuntura internacional, que não
há soluções fáceis e que é preciso
saber se reinventar constantemen-
te. Isso vai desde ofilosófico até o
operacional, o caminho é por aí.A
juventude brasileira está num dos
poucos países, na face da terra,
que está, de fato, aparelhado para
esse futuro, e de que não só na
questão financeira, mas na ques-
tão energética, de alimentação, do
comércio como tal, de investimen-
tos; há muito também por fazer,
em alguns ramos, e isso também
é positivo. Mas o novo cidadão
adaptável, com mente aberta. Os
alemães chamaram esta visão de
weltanschaung
.Achoqueénatural,
para nós esta
weltanschaung
, essa
visão, essacapacidadedeassimilar.
Por exemplo, quando vem um es-
trangeiroaoBrasil sejaeledeonde
for, daAlemanha, dequalquer país
nós temos, de fato, a capacidade
de querer assimilá-lo, integrá-lo à
nossa sociedade.OBrasil tem essa
atitude naturalmente – Graças a
Deus um pouco em virtude da sua
cultura – mas também em virtude
de todas as diversas crises e as
formas com as quais tivemos de
lidar com tudo isso num passado
até recente.AChinanão temágua,
a Índia não tem água, os Estados
Unidos até quando fala em etanol,
cria um problema alimentar. Acho
que isso é o que tem de ficar claro
para o jovem de hoje em dia, de
queessemomentoatual, apesar de
serummomentodegrande reflexão
– e que ele vai sofrer com isso –,
temde ter, láatrás, ootimismoque
sempre nos caracterizou.
JRWP
– Antes de passar a palavra
para o Professor Gracioso, parece
que o Marcos gostaria de acres-
centar algo.
Marcos
–Éprecisousar também
políticas contracíclicas intelec­
tuais.O contracíclico tem sempre
umaconotaçãoeconômica, finan-
ceira, fiscal, mas o que estou di-
zendo éque temos, tambémnesta
crise, de ser contracíclicos. Sugeri
que, no amago dela, há oportu-
nidades extraordinárias – como
disse o Mário muito bem – para
o Brasil. Não se intimidar com
ela, não negar a sua existência,
mas ver quepoucos países entram
nela com a nossa disponibilidade
e sucesso, e, sobretudo, oBrasil é
umpaís de sobreviventes, oBrasil
é um país em que a esperança faz
parte do DNA. Creio que isso é
realmente importante.
Gracioso
– Acho que todos
concordamos com esse otimismo.
ConversandocomoFabioBarbosa,
Presidente da Febraban – que é
profundamente otimista e está em
contato comomundo inteiro –, ele
acha que, nesta retomada doBrasil
nocontextomundial,contamoscom
um sistema bancário sadio e capaz
de bancar o “jogo”. E é apenas
parte de um panorama maior. Na
chamadaDécada Perdida – que na
verdade foram14,15anos–ficamos
com a impressãodeque aconteceu
umhiato. Entretanto,nessa“década
perdida”,construíram-seasbasesde
um Brasil moderno; as telecomu-
nicações, a siderurgia, mineração,
informática, o turismo interno,
ensino superior, os planos de saúde
que permitiram reequipar milhares
de hospitais. Foi impressionante o
que surgiu de riqueza e atividades
novas neste país e que resultou
numa classemédia de 120milhões
de pessoas que, magicamente, nin-
guém sabe de onde veio, mas veio
dessa base econômica. Uma coisa
curiosa é que hoje o Brasil está se
mostrandomaisbempreparadopara
a globalização do que os Estados
Unidos, vocês perceberam isso? Eu
próprioescrevi, umavez, umartigo
sobre globalização que chamei de
Pax
americana
– como houve a
Pax
romana
. Pois não é nada disso:
os americanos perderam o bonde,
eles nem sabem bem o que é glo-
balização e acho que vai ter mais
chance quem entender melhor – e
nós estamos entre eles.
JRWP
– Muito obrigado a todos
por essa contribuição tão rica
para a nossa
Revista
. Tenho
certeza de que esta mesa vai ser
bem aproveitada.
ES
PM
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