Janeiro_2003 - page 73

Revista da ESPM – Janeiro/Fevereiro de 2003
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páginasdedenúnciacontraesseSr.
queseaproprioudeum Instituto,que
eradeumaFundação. Então,osgo-
vernos precisam respeitar a nossa
atividade.Em1991,euescreviaoSr.
Fernando Collor de Melo, pedindo
que nós – Institutos de Pesquisa –
tivéssemos um tratamento igual ao
de agência de propaganda, e que
fosse feitaumaconcorrênciapública
paraqueos InstitutosdePesquisapu-
dessemdisputarasverbasdoGover-
no Federal. As agências têm direito
à licitaçãoporque sãoas filhas ricas
domarketing. Os Institutos não têm
esse direito. E contratam gente
indicada pelo Sr. Lavareda que, até
o final do governo, vai estar nadan-
dodebraçadas.Édenúnciamesmo.
Comopresidentedo sindicatoéque
estoudizendo isso.
JR –
Você está chamando atenção
paraumasituaçãoquepareceséria.
Mas como é em outros países? Os
Institutossão regulamentadosemais
reconhecidos, profissionalmente?
FT –
Sim. AESOMAR, por exemplo,
que é a associação de Instituto de
PesquisadaEuropa,estápresenteem
todo oContinente, promove reuniões
eencontros para trocade idéias com
outras instituições.NaArgentina, jáhá
muitosanos,criou-seoSindicatodos
Institutos de Pesquisa e criou-se o
SindicatodosTrabalhadoresdosetor.
Aqui, dentro de 3 ou 4 meses,
também deveremos ter um. Aí, não
vaihaverconsultoria fazendopesqui-
sa, ou escritório de contabilidade;
imagine que recolhemos impostos
paraaSESCON–SindicatodosCon-
tabilistas!Para teruma idéia,aToledo
Associados está sendo processada
pelo Conselho Regional de
Estatística do Ceará, do Piauí e de
SãoPauloporque todosqueremque
aempresa recolhacontribuiçõespara
esse sindicato porque fizemos as
pesquisas eleitorais daqueles esta-
dos…OConselho Regional deAd-
ministração quer que os institutos
recolhampeloCRA.E tambémosde
Economia, de Psicologia porque to-
formouparacongregaros institutos.
Como uma ABIPEME, uma ANEP
que evoluiu – até porque cobra dos
associados suas taxas em euros e
isso permite um fôlego maior. Mas
pesquisa não existe, como ativida-
de efetivamente organizada, como
profissão, nemnosEstadosUnidos.
Não há uma faculdade que forme
um "pesquisador".
JR –
No Brasil, a formação geral-
mente aceita é em administração,
com especialização emmarketing.
FG–
Quero informar que, apartir do
anoquevem, vamos terumcursode
pós-graduação em Pesquisa de
Mercado,emparceriacomo IBOPE.
E, certamente,outrosserãoconvida-
dosacolaborar.Esperamosoferecer
um curso sério, de alto nível. Não é
umcursoparaentrevistador, éclaro,
mas que contribua para essa defini-
çãodaprofissãodeque você fala.
FT –
OPaulo disse que a pesquisa
correnaparalela, comose fôssemos
marginais. Mas não podemos ser
marginais naeconomiado conheci-
mento.Temosuma função importan-
te na fase de pesquisa de produto,
deopiniãopública.Quantacoisaeu
já fiz.Algumde vocês já fezpesqui-
sa sobre transtornosmentais?
PS –
Ainda não, mas acho que te-
nho vivência do assunto...
FT –
Pois eu tive o prazer de fazer
umapesquisa comumaamostrade
dois mil domicílios em São Paulo,
paramedir fatos interessantíssimos
sobre alcoolismo, demência,
esquizofrenia e depressão. Que
maravilha!Então, nãopossoser um
marginal, se sou capaz de produzir
tanto conhecimento para a pesqui-
sa de uma médica que estava se
doutorando! E que me disse:
"Toledo, jamais poderia imaginar
quepesquisame trouxesse tanta ri-
queza de informação".
PS –
Mas são duas coisas diferen-
“O
consumidor
diz o que
pensa,mas
faz oque
sente.”
dos achamque têmdireito. Nós não
temos personalidade.
JR–
Umcasogravede faltade iden-
tidade.
FT –
Nós não temos identidade al-
guma.
PS –
Mas mesmo em âmbitomun-
dial, pesquisa de mercado sempre
foi uma atividade paralela. Não há
aprofissãodopesquisador.Nocaso
da ESOMAR, na Europa, ela age
como uma entidade privada que se
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